quarta-feira, 25 de abril de 2012

Páscoa Cristã

Márcia Elói Rodrigues*, nj


 

 

A Páscoa, que significa "passagem", é primeiramente a festa judaica em que se comemora o Êxodo (a



libertação dos hebreus da escravidão egípcia). Essa festa, para nós cristãos, ganhou um novo sentido: passagem da morte para a vida.
Nós cristãos comemoramos a passagem da morte de Cristo, causada pelo pecado humano, para a vida em comunhão definitiva com Deus. Nossa páscoa cristã está associada à morte e ressurreição de Jesus Cristo que, na última Ceia, com seus discípulos, realizou o sinal profético de sua entrega ao Pai pelos seus. Nos sinais do pão e do vinho, Jesus celebrou prefigurativamente o dom da Nova e Eterna Aliança, selada no seu corpo e sangue, entregues por amor.
Em Jesus, temos acesso à realidade divina, encontramos nossa finalidade humana: somos filhos de Deus no Filho unigênito. Isto quer dizer que, em Jesus, por ele e com ele, foi dissipado o abismo que havia entre o ser humano e Deus. Nosso acesso ao Pai está aberto para sempre, para todo aquele que acolhe o Cristo como "caminho, verdade e vida" (Jo 14,6). Isto é, seguindo o Cristo na sua opção fundamental pelo amor do Pai, vivido na radicalidade do amor ao próximo, nosso irmão. Nesse seguimento, chegaremos à meta humana desejada por Deus: amar até as últimas consequências.
O que nós celebramos nessa festa pascal não pe a morte de Jesus, acontecida num passado longínquo, na qual apenas relembramos. Celebramos sua vida, morte e ressurreição, evento único e irrepetível na história, mas presente a nós na liturgia, memorial desse mistério de amor.
Na liturgia somos reapresentados a esse evento, ou seja, vamos até ele, participamos da última Ceia, caminhamos com Jesus até o Calvário, e o encontramos na manhã da ressurreição. Na liturgia nos fazemos presentes a esse evento, fundador de nossa fé, de nossa existência como Igreja, de nossa esperança na vida que vence a morte, no perdão que apaga o ódio e a violência.
Celebrar a Páscoa significa que acolhemos em nossa vida concreta as consequências da entrega de Jesus Cristo ao Pai por amor. Que consequências? Somos filhos de Deus, chamados a viver na intimidade da casa paterna. E porque somos filhos, não podemos viver nossa existência de outro modo senão amando nosso Pai e nossos irmãos na doação incondicional de nossa vida no altar do amor. Isso, meus irmãos, é o que celebramos na Páscoa.



Márcia Elói Rodrigues é membro do Instituto Religioso Nova Jerusalém. Graduada em teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, onde também fez mestrado em teologia bíblica

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